covid-19

Novas regras devem ser anunciadas na sexta-feira pelo Estado

Leonardo Catto

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Anselmo Cunha (Diário)

O Rio Grande do Sul completa, nesta sexta-feira, um mês e meio com todas as regiões em bandeira preta, a mais rígida do modelo de Distanciamento Controlado. Mesmo com o sistema de saúde penando altas taxas de ocupação em todo Estado, setores econômicos pedem flexibilizações das restrições em prevenção ao contágio. Tudo isso convergiu para a reunião do Gabinete de Crise nesta quinta-feira, quando foram discutidos cenários de mudanças nas regras atualmente em vigor. O anúncio oficial ainda não foi feito, tampouco em que áreas haverão mudanças, mas a tendência é a confirmação de um abrandamento.

Idosos a partir de 63 anos serão vacinados nesta sexta-feira em Santa Maria

A reunião do gabinete contou com a presença do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB). Ele tem uma posição menos rígida em relação as medidas restritivas e, na quarta-feira, já havia se reunido com o governador Eduardo Leite (PSDB). Depois do encontro, Leite afirmou ser intenção e expectativa do governo estadual a liberação, aos finais de semana, de serviços que hoje não podem operar nestes dias. As mudanças são chamadas por Leite como o "passo seguinte" e dependem também dos planos de fiscalização de cada município, solicitados pelo governo estadual.

- Dados e evidências recentes demonstram redução de internações e óbitos, ainda em um patamar elevado. Sem negar a realidade dura do coronavírus. Mas se expressa um momento de redução de incidência de casos - refletiu o governador.

Associação Amigos do Husm faz campanha de arrecadação de fraldas

A nível estadual, os casos confirmados por dia são menos numerosos. Quando a bandeira preta entrou em vigor, a média móvel de confirmações diárias era 7.053. O pico foi em 1º de março, com 7.890. Em 6 de abril, o dado era de 901, uma queda de 88% em relação à ao auge.

Em Santa Maria, conforme dados do Observatório em Saúde da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), essa comparação, para o mesmo período, indica queda de 49% (de 214 casos por dia para 107). Ambas quedas são entendidas como reflexos das cinco primeira semanas de bandeira preta geral.

CONTRAPONTO
Por outro lado, a média móvel de óbitos é um dado que reage mais tarde às medidas de restrição. Santa Maria ainda não experimenta queda nesta indicador em relação ao começo bandeira preta. Em 26 de fevereiro, o número de vítimas da Covid-19 por dia era três. O auge foi em 27 de março, com nove. Em 6 de abril, o número era 5. Há queda em relação ao pico, mas ainda é maior que o começo das restrições mais rígidas.

Ocupação de leitos de UTI na rede pública está em 101,4%

Desde a primeira bandeira preta, o Estado teve aumento seguido de queda na média móvel de óbitos. Em 26 de fevereiro, o número diário de mortes por Covid era 77. O auge foi em 25 de março, com 270. Em 6 de abril, o dado era 181, uma queda de 32% em relação ao pico, mas ainda maior que o começo do período analisado.

Número de casos e óbitos são levados em conta, segundo o governador, para analisar mudanças os protocolos. O principal indicador do modelo de Distanciamento Controlado, porém, é a ocupação das unidades de tratamento intensivo.

Isso porque, mesmo que a fórmula indique bandeira menos restrita, o Estado estabelece um valor mínimo entre leitos livres e leitos ocupados por pacientes com Covid. Se essa proporção for menor que 0,35 a nível estadual, a bandeira será preta independente da fórmula.

Estado recebe remessa de 301 mil doses de vacinas contra a Covid-19

Nesta tarde, conforme o painel de monitoramento da Secretaria Estadual da Saúde (SES), eram 158 leitos de UTI livres no Rio Grande do Sul. Os internados com Covid ou com suspeita para a doença eram 2.412. Com esses números, a proporção é de 0,06 UTIs livres para cada leito ocupado por alguém infectado pelo coronavírus.

Coordenadora do Laboratório de Epidemiologia do Departamento de Saúde Coletiva da UFSM, a médica epidemiologista Marinel Dall'Agnol, acredita que não é o momento para abrandar. Para ela, a flexibilização já gerou aumento de casos em outro momento.

- Se quiser manter a curva em um patamar alta, flexibiliza. Se quiser achatar, para amenizar a pandemia, tem que manter o isolamento - argumenta.

O professor de Infectologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Alexandre Zavascki defende que as restrições sejam mantidas, e não abrandadas. Mesmo com casos em queda, a diminuição deveria ser ainda maior:

- As mortes só irão cair quando os hospitais desafogarem. Só desafogarão se continuar diminuindo o número de novos doentes.

O médico também critica o próprio modelo de Distanciamento Controlado. Segundo ele, a fórmula não impede que a situação de colapso da saúde se repita. Para ele, o melhor caminho para a tomada de decisões é a análise e interpretação de dados atuais, e não a partir de semana anteriores.

EXPECTATIVA
Atualmente, o comércio não essencial não pode funcionar em sábados, domingos e feriados. Nestes dias, restaurantes só abrem para modalidade pegue e leve e tele-entrega. A cogestão permite afrouxamento nestas restrições.

Ainda assim, o pedido é por mais flexibilidade. Ao Diário, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Santa Maria, Ewerton Falk, relatou que o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) mandou diretamente ao governador um pedido de alteração para o setor gastronômico.

Na semana passada, a Federação das Associação Comerciais do Estado (Fecomércio-RS) pediu a abertura de lojas nos finais de semana. A presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Marli Rigo, encara com otimismo a possibilidade de abrandamento. Para ela, o momento já é viável para ampliar horário de funcionamento do comércio.

- Não é no comércio e com o horário menor que muda a situação da saúde. A gente precisa dessa dilatação dos horários. Às 18h, tudo fechado, chega a dar dó. Eu acho que os poderes têm que enxergar que (o abrandamento) é uma solução que melhora até a condição de saúde das pessoas, para que ela saiam em horários diferentes - afirmou Marli, que também espera a possibilidade de abertura aos finais de semana.

A prefeitura afirmou que não vai se manifestar sobre mudanças de protocolo até que haja anúncio oficial do Estado.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Das 301 mil doses do RS, Santa Maria vai ficar com 7.823

VÍDEO: Começa nesta sexta-feira a 10ª rodada da pesquisa Epicovid em Santa Maria Próximo

VÍDEO: Começa nesta sexta-feira a 10ª rodada da pesquisa Epicovid em Santa Maria

Saúde